A Ilha Desconhecida

Meu nome é Cristiane, tenho 28 anos, vim de uma família humilde, vivo desde minha infância em Alvorada, estudei de 1º a 4º série na Escola Municipal Idalina de Freitas Lima, próxima à minha casa.
Quando iniciei a 5º série, minha mãe decidiu me pagar uma escola particular, pois nessa época as escolas estaduais viviam em greve. Conclui até a 8º série nesta escola que se chama São Marcos. Apesar de ser uma escola particular precisamos pousar na fila (minha mãe e eu) para conseguir uma vaga.
Quando passei para o 2º grau quis cursar o magistério. Novamente precisamos pousar na fila, só que desta vez foram 3 noites e dias intermináveis abrigados apenas em uma barraca improvisada, ali mesmo na calçada em frente à escola, torcendo as duas para não chover. Mas mesmo assim, ainda dependia de um menino desistir para eu conseguir a tão sonhada vaga.
Finalmente consegui me matricular nesta escola , que se chama Escola D. Diogo de Souza, me formei, apesar das dificuldades, pois à escola cobrava muito e as professoras eram muito exigentes, mas mesmo assim me tornei professora.
Desde muito pequena era apaixonada pela profissão, tinha dois quadros e até caixinha com apagador e giz, meus alunos eram minhas bonecas, na qual ficavam sentadas para “assistirem minhas aulas”.
Aos doze anos, mais ou menos, dava aulas para minhas primas que encontravam certa dificuldade na escola.
Em 1997 quando iniciei meu estágio um novo desafio iniciava, assumia uma turma de 1º série sozinha, pois a professora titular estava em licença maternidade. Fui simplesmente com a “cara e a coragem”. Minha supervisora era a coordenadora geral do estágio, ela cobrava muito, durante todo este período precisei me dedicar às 24 horas do dia e os sete dias da semana exclusivamente para o mesmo.
Foi com muito esforço e força de vontade que consegui concluir o curso de magistério.
Logo em seguida, prestei concurso para a rede municipal de Alvorada, fui aprovada e nomeada, iniciando a trabalhar em março do ano seguinte (1998), na Escola Municipal E. F. Monteiro Lobato, na qual continuo trabalhando até hoje.
Logo quando cheguei nesta escola, tive uma grata surpresa, a diretora me disse que iria lecionar em uma 1º série. Muitas colegas, já em final de carreira, não levavam meu trabalho muito a sério, pois diziam que eu era muito “menininha” ainda e por isso era tão entusiasmada e que logo tudo isso passaria.
Me apaixonei por alfabetizar, estou sempre procurando “Ilhas Desconhecidas”, fazendo cursos que a prefeitura oferece para me atualizar, buscando sempre ir em busca de novos conhecimentos.
Sempre tive vontade em fazer um curso superior, porém, não tinha condições financeiras para realizá-lo.
Em 1992 a prefeitura assinou um contrato com a UERGS, fiquei empolgada, me inscrevi, passei pelo processo de seleção e fui selecionada. Fiz minha matrícula, faixa de “BIXO” e tudo mais que tinha direito. Porém, veio à decepção, trocou o governo no ano seguinte e simplesmente acabarão com o nosso sonho, pois o contrato foi cancelado e a tão sonhada faculdade não saiu do papel.
Agora quando veio a notícia de que a UFRGS viria junto com o MEC e a prefeitura de Alvorada oferecer um curso para os professores, foi novamente uma luzinha que se acendeu no final do túnel.
Mas precisamos atracar nosso barco em mais uma ilha desconhecido o tão “terrível vestibular”. No qual precisamos nos desafiar mais uma vez.
A alegria foi enorme quando saiu o resultado.
Precisaria encarar agora um novo desafio com ousadia, fazer um curso `a distância, se nem sequer eu sabia ligar um computador.
Aos poucos estou conseguindo superar mais esse desafio.
Tenho o apoio grande da minha família (minha mãe e meu marido) que estão lado a lado comigo.
Tudo na minha vida nunca foi fácil para mim, sempre precisei lutar muito, ter muita vontade de vencer e principalmente nunca deixei de sonhar, pois,...
...Tenha sempre um sonho, e tente esquecer os dias nublados e sombrios, mas não se esqueça nunca das horas de sol, nem das tuas noites de estrelas...Esqueça os momentos em que houve derrotas, mas nunca se esqueça das batalhas que já tenha ganho.
...Esqueça os erros que não pode evitar, mas não se esqueça das lições que tenha aprendido com eles, e nem o que eles possam ter lhe ensinado.
...Esqueça os dias em que a tristeza lhe tenha batido em sua porta, mas nunca se esqueça dos sorrisos que tenha encontrado, e nem daqueles que ainda encontrará.
...Esqueça os planos que lhe falharam, porém jamais de sonhar...